terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

E lá vem mais esclarecimentos.

Admito, nunca estudei nem havia me interessado por Velho Oeste.
E falo mais, pra mim era um saco aqueles duelos.
Como disse antes, foi um sonho que fez esse livro acontecer, e, mesmo cheio de erros, foi o melhor que fiz até agora (os outros estão em andamento, mas poucos estão ficando como este).
Espero que tenham gostado, espero mesmo.
Obrigada.
Mari.

Capítulo final. (25)

- E quem disse que a vida é justa? – Joe soprou o cano da sua pistola. No chão, as cordas cortadas que a prendiam. Perto das cordas uma trilha de sangue se arrastava até o precipício, de onde Gigi nunca voltaria.

Joe quase caiu, mas Ben chegou a tempo de amparar a garota. Ela estava fraca, já que sofrera muitos mal-tratos algumas horas atrás.
A garota tremia, mesmo sabendo que haviam ganhado a batalha. E então percebeu que Ben estava abraçado com ela. Empurrou-o e deu-lhe um soco.
- Eu te odeio, Ben Harper.- Seu rosto estava vermelho.
- Não, não odeia não. – Ben sorriu, antes de levantar Joe pela cintura e rodar a garota.
Ben montou em um cavalo que havia achado no trem (e que suspeitava ser de algum dos bandidos) e Joe estava montada em Franja. Tinham muito que conversar ainda, não queriam ocultar mais nada do passado.
- E onde a Mel está? – Joe perguntou, olhando pra Ben, preocupada.
- A Mel acordou assim que pulei do trem... E então mandei ela ir pra casa no meu cavalo e dei um jeito de me acertar com a Franja... – Ele sorriu, enquanto apontava pra uma marca na blusa, onde Franja acertou ele.- Essa égua é tão delicada quanto a dona!
- E você pretende ficar em Elpah, Ben?
- Você pretende?
- Eu gostaria de passar em Cidmay... Faz oito anos que sumi, uma hora eu vou ter que voltar... – Ela franziu a testa. – Só não sei se estou preparada pra isso.
- Fique tranqüila, eu estou com você.
- Isso foi um consolo? – Ela segurou o riso, olhando de canto de olho pra Ben.
E eles partiram, suas silhuetas visíveis ao pôr-do-sol.
Estava tudo bem.

Cáp. Marquinhos (24)

- É, mon cherry... O que é meu está reservado, não é? A glória está reservada pra mim, cherry.
- E então, princesa, algum último pedido? – Bóris segurou o pulso de Joe, que não reagia mais a nada. Estava desmaiada.
- Sim! Tira a mão dela! – Ben apareceu, montado em Franja. O tiro que Ben deu acertou exatamente a espada que Bóris carregava, que caiu no chão.
- Como... Como chegou aqui tão rápido? – Bóris estava mais furioso do que nunca, seu rosto ficando vermelho por completo.
- Cavalos selvagens são mais rápidos que cavalos normais. E essa garota aqui estava disposta a salvar a dona. – Ben sorriu. O rapaz calmo de sempre havia voltado. – Agora, meu caro... Vamos acabar logo com isso.

Ben desceu de Franja e sacou sua espada, Bóris fez o mesmo.
Ben tentava acertar Bóris a todo custo. Precisava salvar Joe.
Bóris desviava com facilidade dos golpes de Ben, mas este não desistia. Passo pra lá, passo pra cá. Como era mesmo aquele movimento? Ben tentava fazer ataques diferentes, mas Bóris não se assustava.
- Quando quiser começar avise, certo? – Bóris gargalhou, investindo contra Ben, que escapou mais por sorte do que por técnica.
- Parece muito confiante em si mesmo, Bóris... Quem garante que não aprendi técnicas novas? – Ben sorriu.
- Pode criar suas técnicas... Mas não vai ser bom o bastante.
Ben abaixou pra não ser atingido.
- Vamos, Ben! – Bóris riu, enquanto desviava facilmente de uma investida que Ben tentou dar. – Eu que ensinei você a lidar com a espada! Conheço todos seus truques.
Então Ben aproveitou que estava no chão, pegou um punhado de areia com a mão e jogou na cara de Bóris.
- Esse truque é novo. – Ele gargalhou.- Aprendi com uma amiga.
Bóris sacudiu a areia da cara e investiu contra Ben. Iria acertar sua barriga com certeza, mas um tiro lhe acertou antes.
- N-não é justo... – Ele murmurou, antes de cair morto.

Cáp. 23

Vendo que Bóris ia se aproveitar que Joe estava com Mel no colo, Ben ergueu os braços.
- Eu desisto. Deixe elas em paz e fica comigo.
- Essa vadia matou Calvin. Você ainda me pede que eu a deixe viver? – Os olhos de Bóris estavam apertados e vermelhos, ele estava furioso.
- Então deixe eles irem e eu fico.
- A proposta está melhorando. – Bóris praticamente cuspia as palavras.
- Joe, deixe que eu fico.
- Leve sua irmã e vá embora, Harper. Eu cuido disso.
- É uma boa garota, essa pirralhinha. – Bóris olhou pra Mel. – Vocês não querem que nada aconteça a ela, querem? Pulem do trem ou vou atirar na pestinha.
- Vá logo, Harper. Antes que ele desista.
Com um último olhar desesperado, Ben pulou do trem, segurando Mel bem junto de si.

Assim que eles pularam do trem, Bóris amarrou Joe novamente, amordaçou sua boca e não tirou o olho dela. Era impossível a garota fugir dali.
Algumas horas se passaram e, de tempos em tempos, Bóris falava com Joe.
- Você foi muito otária. Eu iria te dar a chance de vida, de entrar pro grupo... Poderia até desposar você! Mas você preferiu tentar salvar o rapaz que matou seu pai. – O rosto de Bóris mostrava um desprezo que Joe nunca havia visto.- Agora, senhorita Joane... Você tem algum pedido antes da sua morte? Sim, porque o trem já está começando a parar...
“Como eu posso responder se minha boca tá tapada, seu imbecil?”.
Joe só podia pensar. Seu fim estava chegando e ela não sabia se iria querer “ver a vida passando diante dos seus olhos”. Se pelo menos ela tivesse com sua espada ou a pistola que roubou do barman... Mas Bóris apreendeu tudo, a garota só podia contar com a inteligência.
O trem parou por completo.
Bóris se levantou e puxou Joe pelo cabelo, obrigando a garota a ficar de pé. Lágrimas de dor saíram de seus olhos, mas ela não ligou. Se ela ia morrer pela mão deles, com certeza seria do jeito mais doloroso ou humilhante.
Ela queria ver Ben. Mesmo sendo um traidor, assassino, ela queria vê-lo. Sua visão sempre reconfortava a garota. O modo desleixado de Ben, que quase sempre era um rapaz calmo e relaxado, de certa forma acalmava Joe. Mas ia morrer sem essa calma interior que o rapaz lhe proporcionava.
Saíram do trem. Joe olhou pros lados e viu que estava à beira de um penhasco. Estavam em uma montanha, mas não no cume. Era um local seco, rodeado de montanhas. Bóris jogou Joe no chão e a garota se ajoelhou. Gigi, que Bóris havia libertado horas atrás, trazia uma série de armas pra que o homem escolhesse. Ele pegou uma espada grande e afiada e limpou na própria roupa.
Gigi, que possuía uma expressão demoníaca no rosto, retirou a mordaça de Joe com indescritível prazer.

Cáp. 22

E então ela se lembrou que todo vagão de trem tem uma saída por cima. O problema agora era alcançar e conseguir abrir aquela saída. Os bancos do vagão eram presos no chão, mas esse era um trem velho, talvez tivesse algum meio solto. E tinha.

- U-lá-lá, Calvin! Essa é a melhor dança que já dancei na vida! Mon cher, o senhor dança muito bem! – Gigi estivera dançando com Calvin em um dos vagões. A loira soltou uma risada dengosa. Calvin apenas esboçava um sorriso.
“Que mulherr”.
CLANC.
- Você ouviu isso, Gigi? – Calvin empunhou sua pistola e olhou ao redor. O vagão estava trancado, não tinha como ninguém entrar.
E então ele a ouviu do teto.
- Isso é pra você aprender a não ficar se assanhando pra qualquer puta. – Joe sorriu, do teto do vagão. O tiro acertou o coração de Calvin.
- Mon cher! O que você fez, sua vaca? – Gigi correu em direção a Calvin.
- O seu tá reservado, Gigi, não se preocupe. – Rapidamente, Joe trancou as portas do vagão em que Gigi estava. – Sua hora vai chegar, mon cherry.

- O que foi isso? – Bóris se levantou, de um salto, com o barulho do tiro que acertou Calvin. – Não ousem se mexer, eu já volto!
Bóris saiu a toda velocidade em direção ao final do trem. No momento em que ele saiu por um lado do vagão, Joe entrou pelo outro.
- Joe! – Ben sussurrou, a voz rouca. Para a sua surpresa (ou nem tanto) Joe não esboçou nenhum sorriso por vê-lo bem. Na realidade a garota os soltou, pegou a Mel no colo e tinha em mente pular do trem com a garota.
- Joe... Deixe eu me explicar... –Ben segurou o braço da garota, obrigando-a a olhar para ele. Ela era uma muralha. Seu rosto não apresentava emoções.
- Não há o que explicar, Ben Harper. Você matou meu pai.
- Joe, não me orgulho do que eu fiz... Nunca!
- Você mataria qualquer um que entrasse na sua frente naquele dia.
- Erro seu. Eu não te matei. Eu não te matei quando vi que você estava escondida nos barris!
A muralha acabara de desabar. Então ele sabia que ela estivera escondida? Lágrimas escorriam pelo rosto de Joe, pela primeira vez em anos.
- Você escondeu de mim! Você simplesmente me usou! O que você pretendia, Ben? O quê? – Ela tentava acertar cada pedaço de Ben com sua mão. – E eu ainda... AHR!
- Se abaixa! - Ben empurrou Joe para o chão. O tiro que Bóris endereçou pra Joe quase acertou Ben, mas ninguém saiu ferido.

Cáp. 21

- Inclusive, Joane. Você vai perceber que o verdadeiro culpado da morte de seu querido papai é seu amiguinho Ben Harper. – Bóris pegou o pacote empoeirado que Ben havia trazido e abriu, deixando a mostra o punhal. Aquele punhal que por anos aparecia nos sonhos de Joe.
Desde a morte de seu pai Joe não chorava. As duas vezes que ela engoliu o choro nesse período foram culpa de Ben. Todos os anos de sua vida procurando vingança e era tudo culpa dele.
- Por favor... Me leve pra outro vagão. Ou então me empurre na frente do trilho... Mas me tire de perto dele. – Os olhos de Joe estavam fechados. Ela não queria encarar a verdade.
Bóris desamarrou Joe e a empurrou no vagão seguinte. Tranco-a pelos dois lados do vagão e voltou pra onde estavam Ben e Mel.
Uns minutos depois Ben acordou, ainda atordoado, por causa da pancada.
- Oh, vejam só que acordou! A pessoa mais odiada desse trem! – Bóris riu.
- Seu desgraçado! Se a minha irmã tiver algum problema futuro, considere-se um homem morto!
- Ela vai ficar bem, amigo... Você deveria se preocupar com a sua vida.
- Onde é que está a Joe? E a Gigi? – Ben tentava se livrar das cordas que o prendiam.
-A Gigi está muito bem. Está fazendo um cafezinho no vagão restaurante pro seu caro amigo Calvin. – Bóris fingiu surpresa. – Ou será que Ben Harper não percebeu que Gigi trabalhava pra gente? Gigi foi perfeita. Principalmente na parte de fazer ciúmes para a tola da garota beber.
- Aquela vadia! E onde está a Joe?
- No vagão ao lado. Sabe, é uma garota interessante. Nunca conheci uma igual. Nem chorou quando eu contei a verdade! Você tem uma sorte, Harper. Mas, ao mesmo tempo, conseguiu fazer com que ela te odiasse. – Bóris se espreguiçou.- Ah, perdão. Esse foi o meu papel.
Ben viu o punhal em cima de um dos bancos do vagão e entendeu o que ele queria dizer. Seu passado havia sido revelado. Não culparia a Joe se ela não quisesse voltar a vê-lo. O mundo de Ben havia caído.

Joe estava quase conseguindo arrebentar as cordas com um pedaço pontudo de vidro que achou no vagão velho. Depois de uns minutos, a corda que prendia a mão da garota não existia mais.
“Como eu vou sair desse vagão?”.

Cáp. 20

- Muito bem. Gigi, você vai bater na porta deles e pedir abrigo, porque seu cavalo ficou doente e você precisa ir pra longe. Quando você estiver dentro da casa tente fazer com que eles bebam isto. – Ben entregou um frasco de uma espécie de veneno que ele sempre mantia guardado. – Quando eles já tiverem bebido, vão desmaiar na hora. Então você nos dá o sinal que eu irei matar eles e retirar vocês.
- E eu? – Mel perguntou.
- Você cuida dos cavalos. – Ele sorriu. – Agora vá, Gigi!
- É claro, mon cher. – A loira foi rebolando em direção a casa dos bandidos.
Ben e Mel esperaram cinco, dez, quinze minutos pelo sinal da dançarina. Mas, antes que percebessem qualquer coisa, foram atingidos na cabeça e tudo ficou escuro.

Horas haviam se passado até Joe acordar. A garota estava com uma dor de cabeça terrível. Pensou que era ressaca, mas percebeu, depois de uns segundos, que um barulho repetitivo e alto estava fazendo sua cabeça doer. Eles estavam em um trem.
Joe olhou pro lado e viu que, amarrados junto com ela, estavam Mel e Ben. Os dois estavam desmaiados.
- Ora, a princesa acordou... – A voz irônica de Bóris foi ouvida ao lado dela. Ela olhou pra Bóris e ergueu uma sobrancelha.
- É, a princesa acordou e deu de cara com um dragão. Solte eles.
- Meu amor, você não está em condições de fazer exigências. – O sorriso de Bóris se alargava a cada segundo.
- Mas pra quê você precisa deles? Solte pelo menos a garota, estou pedindo. – Joe olhou para Mel, que tinha um roxo preocupante na testa. – Por favor...
- Hum... Estamos evoluindo nas respostas, não é? – Ele sorriu.- Vou soltar a garota assim que chegarmos ao nosso destino.
- Solte ele também... Não precisa dele...
- Aí a senhorita se engana. Tenho um assunto não resolvido com o senhor Harper. – Ele cuspiu no chão. – Ou será que nosso caro Ben não te contou?
Bóris foi até a bolsa de Joe e tirou o cartaz mais antigo de “procura-se” que a garota havia conseguido recolher. Nesse antigo cartaz dava pra se ver os três integrantes do grupo. Os dois adultos estavam em todos os cartazes, mas a criança havia sumido.
Bóris chegou bem perto de Joe e esticou o cartaz na frente dela.
- Reconhece seu caro amigo? – Ele apontou com o dedo encardido pra criança do cartaz e, logo depois, fez um movimento com o queixo, apontando pra Ben.
Joe segurou as lágrimas. Como não percebera antes? A idade batia, o tipo físico batia, até a cidade deles batia!